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Outubro foi o mês em que se desfizeram as dúvidas que houvesse sobre a ocorrência de uma segunda vaga da pandemia SARS-CoV-2. No espaço de um mês, o número cumulativo de casos em Portugal quase duplicou e o número de mortes cresceu 25%. Na SPMI, as actividades programadas sofreram os efeitos desta circunstância: passou a formato não presencial o Curso de Bases de Antibioterapia; a 4ª Reunião Anual do GERMI foi inteiramente digital; e o 6º Congresso Nacional de Urgência foi adiado para 2021, tendo-se mantido apenas como presencial o Curso de POCUS e o Curso Básico de Medicina Intensiva (este último em b-learning). Por todo o país, os Serviços de Medicina Interna voltam a operar uma enorme transformação. Um crescimento exponencial de internamentos por COVID-19 obriga à abertura de novas enfermarias, com novas equipas médicas, maioritariamente constituídas por Internistas. As Unidades de Cuidados Intermédios dos nossos Serviços duplicam a sua lotação. Na Medicina Intensiva, acontece o mesmo. Nos Serviços de Urgência, agora bifurcados, e como sempre largamente dependentes de Internistas, são necessários mais turnos. Nos Cuidados Primários, os colegas estão soterrados em tarefas não clínicas, com grande limitação de acesso para os doentes, que acabam por recorrer ao Hospital mais ainda. E nós não somos mais; somos os mesmos - ou menos, depois de alguns irem sendo desviados para os Cuidados Intensivos. E, em comparação com Março, estamos mais cansados, menos tolerantes e mais ocupados: é que os outros doentes, que então fugiam dos Hospitais e dos cuidados médicos em geral, estão agora na urgência e no internamento ao ritmo habitual de antes da pandemia. A Medicina Interna tem sempre mostrado ser capaz de se adaptar às circunstâncias. A versatilidade é uma das nossas maiores virtudes. E em todos estes lugares, os novos e os de sempre, precisamos da capacidade de trabalho dos Internistas. Mas estou convencido que, mais ainda, precisamos da sua argúcia e perícia clínica, do seu poder de síntese, da sua capacidade de trabalhar em equipa e de a liderar, da sua resistência à adversidade, do seu entusiasmo, da sua criatividade, do seu humanismo, do seu profissionalismo. E precisamos também de ver e aproveitar as oportunidades que surgem com tudo isto: seja na vertente científica, seja no que diz respeito à organização hospitalar, em que temos o dever de demonstrar, se ainda for preciso (e é), que os Internistas são centrais. Quanto à SPMI, vamos continuar a intervir nos media, para relembrar o papel da Medicina Interna nesta crise de saúde pública. Para memória futura, estamos a promover a realização de um novo inquérito sobre a participação dos Internos e Especialistas de Medicina Interna no tratamento dos doentes com COVID-19. Pessoalmente, desejo a todos que se mantenham saudáveis. E, se me permitem pedir uma coisa, peço que segurem as equipas, acarinhem as equipas, não deixem que se percam as equipas; juntem os optimistas com os pessimistas, porque precisamos de todos; e só com todos juntos poderemos chegar ao fim orgulhosos e capazes de continuar. Um grande abraço. Vasco Barreto Secretário Geral
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