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O ano de 2020 foi, naturalmente, dominado pela pandemia que se tornou no centro de todas as atenções - não só no que à situação sanitária diz respeito mas na repercussão sentida em todos os aspectos sociais, económicos, culturais e afectivos, que nos caracterizam como humanos. Uma situação de crise de saúde pública traz, para além dos aspectos negativos, a possibilidade de avanços e evoluções rápidas no campo científico, tornadas possíveis através do esbatimento de fronteiras intergovernamentais, da procura de respostas cooperativas entre diversos grupos e agências científicas e que resultaram numa verdadeira resposta global, única no nosso tempo geracional. Neste final de ano e parafraseando um conhecido estadista, acho que se vislumbra o princípio do fim. Assim o esperamos. Foi um ano de angústias, de medos e de incertezas, mas também foi um período de afirmação e de reconhecimento dos médicos, e muito particularmente dos internistas, como elementos determinantes na preservação da tranquilidade dos portugueses e da transmissão da mensagem de que, mais do que a resposta possível, foi sempre dada a resposta necessária. Os resultados dos inquéritos que a SPMI promoveu junto dos serviços de medicina interna, o último dos quais em novembro, confirmou que os internistas foram um componente fundamental para a resposta integrada e competente à pandemia de CoVid-19. Também a colaboração com a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares e a assessoria técnica que a SPMI disponibilizou na elaboração de um mapa de previsão de recursos semanais necessários à resposta hospitalar, evidenciaram que estamos num tempo de valorização e de reconhecimento da Medicina Interna e de estabelecimento de parcerias mutuamente vantajosas. A SPMI também realizou um inquérito aos sócios sobre a MI e o SU, em que referendava as posições sempre defendidas sobre o papel central dos Internistas no Serviço de Urgência e contra a criação de uma Especialidade de Urgência. Serão brevemente publicados os resultados, mas é assinalável o grande número de respostas (787), tendo sido legitimadas por larga maioria as nossas convicções de sempre. Apesar de a maior parte dos nossos esforços se ter concentrado na parte assistencial, foi possível, neste mês de dezembro, a organização de algumas iniciativas, com excelente participação, de modo a manter alguma normalidade e das quais destacava: - WEBINAR PULMONARY EMBOLISM IN COVID-19 PATIENTS: UPDATE do NEDVP no dia 2 de dezembro - Curso de Hospitalização domiciliária nos dias 4 e 5 de Dezembro em formato online - Webinar WEBINAR BEST OF ACR MEETING no dia 4 de Dezembro - Ciclo de 2 DEBATES O DOENTE CRÍTICO E A PANDEMIA PELO SARS COV-2 EM PORTUGAL do NEBio nos dias 10 e 17 de Dezembro - Reunião Online HOT TOPICS 2020 - O MELHOR DO RISCO VASCULAR no dia 12 de Dezembro - Referendo sobre a Medicina Interna no Serviço de Urgência - Aprovação do Plano de Formação para 2021, com mais de 50 Cursos programados - Participação e intervenção activa em diversos foruns de comunicação e intervenção social - Comemoração do 69º aniversário da SPMI Terminava com uma referência a um artigo publicado no New England Journal of Medicine, cujo título, "Physician Burnout, Interrupted", é ilustrativo. Durante este período de pandemia, raramente vi médicos sujeitos à exaustão emocional secundária às falhas de motivação interna e externa que, habitualmente, resultam da perda da autonomia, da percepção da impotência para lidar com as situações críticas a que são sujeitos, da falta de sentido de pertença e de propósitos comuns, ou do não reconhecimento externo. Houve muito cansaço, férias e folgas esquecidas, famílias adiadas, mas, no fim de tudo, sentimos que a motivação principal que nos levou a este modo de vida foi realizada. Realmente, o burnout foi interrompido. Esperemos que não regresse.
António Oliveira e Silva (Vice Presidente da SPMI)
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